Para a indagação proposta não há uma resposta simples, pois se trata de
uma regressão à essência humana, mas para dar início a essa viagem é preciso
uma contextualização sobre os problemas metafísicos.
A ontologia, ramo da metafísica, é o estudo da natureza dos seres, isto é, o
ser enquanto ser, e, não é simplesmente o termo criado por
Andrônico de Rodes “além da física”, mas pode ser “além do físico”, pois nos
traz o questionamento do consciente em busca de algo temporariamente
inconsciente com o intuito de ultrapassar os limites da lucidez, do racional,
para que possa emergir respostas sobre nós mesmos.
Na fábula “Conselho de uma lagarta”, do livro Alice
no país das maravilhas, autoria de Lewis Carroll, fica clara a ideia de fluidez que a vida apresenta. A
personagem, Alice, demonstra que mudamos com o tempo. Remete-nos ao pensamento
do filósofo Heráclito: “não entramos duas vezes no mesmo rio, pois nós e as
águas não seremos os mesmos”. Dessa forma, para responder à indagação: “quem
sou eu?”, inicio com uma senoide que representa a vida em função do tempo.

Através do tempo faço uma viagem ao meu passado e percebo a diferença
entre o meu presente. O passado é um ponto final, porém, o futuro é como o
sinal de reticências, isto é, algo aberto a novas possibilidades.
Sou um ser em constante movimento
e transformações, com o presente no centro e o futuro e o passado ao redor, ou
seja, a energia para as mudanças que preciso. Mesmo assim, ainda não consigo
responder à pergunta: “quem sou eu?”, porque estou entre a cosmogonia e a
cosmologia. Posso dizer, sou a imagem e semelhança de Deus, mas isso faz parte
da minha fé, e, posso considerar até certo ponto como algo cosmogônico. Chego a
um provável limite, ou seja, temporariamente sem resposta...
Pensando o cosmológico e o estudo científico posso querer saber mais
sobre Deus e o Universo, mas também terei uma limitação. Assim, em ambas as
situações, cosmogônica e cosmológica, esbarrarei nas questões metafísicas,
ainda não conseguirei dar a resposta exata de quem realmente eu sou.
Eu “sou uma incógnita?”, “um nada temporário?”. Pensando assim, ainda
não saberei... Ficarei parado na porta do mundo metafísico esperando uma
solução, e, enquanto não enxergo a luz do conhecimento, só consigo perceber que
no universal sou um particular e, materialmente transitório, mas com a alma
perene. Assim, seguirei com a mesma incógnita filosófica de Heidegger em relação ao ser.
Portanto, eu sou um “Ser metafísico-atemporal” em constante movimento,
que, foi induzido por uma energia potencial chamada passado, e movido por uma
energia cinética chamada presente, indo a um futuro incerto. E quem é você?
Renato Luiz de Oliveira Ferreira
REFERÊNCIAS
Carroll,
Lewis. Alice no país das maravilhas. Trad. Rosaura Eichenberg. Rev. Cláudia
Laitano e Renato Deitos. – Porto Alegre: L&PM, 2006.
A
vida em função do tempo. Disponível em:<http://renatoluizdeoliveiraferreira.blogspot.com/2015/06/a-vida-em-funcao-do-tempo_2.html>.
Acesso em 1/10/2019.
2 comentários:
Quem é capaz de responder tal indagação? A graça da vida está em não saber. É pra isso que estamos aqui, pra tentar descobrir.
Sandra, por isso sou um "Ser metafísico-atemporal". A dúvida continuará como uma questão metafísica, da mesma forma que as conhecidas: "de onde vim?", "para onde vou?". Não há resposta, a não ser pela fé.
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