sábado, 2 de junho de 2012

A individualidade e a Sociedade de Consumo

Há séculos a ciência tenta desvendar o mapa do comportamento humano, as suas influências, o porquê das mudanças durante a vida e como formar uma geração consciente com ações providenciais para a existência de um mundo melhor. Desse modo, o indivíduo é soberano e compartilha as mesmas características físicas do homo sapiens, mas não são idênticos na sua personalidade, fazendo com que as diferenças venham a ser a energia para mover o mundo para a evolução de sua espécie.
A ideia antropocêntrica do Homem como centro do universo, onde usufrui de autonomia do espírito, liberdade da razão e exercício da vontade, é central na passagem do mundo medieval ao mundo moderno, cujo marco foi a Revolução Francesa, que proclamou os princípios universais de liberdade, igualdade e fraternidade. Apesar dessas importantes conquistas, o que realmente emergiu e dominou o mundo foi a Revolução Industrial com o acúmulo de riquezas. Todavia, a produção e a disponibilização de bens socialmente produzidos não resultaram na imediata possibilidade de acesso a ela por todos. Ao contrário, o acesso à riqueza material é dependente das condições de organização da sociedade onde vive, a partir da divisão menos desigual do trabalho, da propriedade privada, do antagonismo de classe para a evolução política e social.
Infelizmente, ao invés da humanização, a tendência passou a ser de um consumo alienado e paradoxal onde as organizações sociais são marcadas pela divisão desigual do trabalho e pela propriedade privada, ao mesmo tempo onde permitem a universalização das riquezas porque as disponibilizam, limitam o acesso a elas em função do tipo de condições concretas de existência onde se inserem os indivíduos. Neste caso, o consumo adquiriu características próprias, passando a ser valorizado por isso. Não vale mais a sabedoria, mas o que se tem. Pessoas são avaliadas pela marca do carro, pela qualidade da roupa, pelos diversos cartões de crédito e não mais pelo seu caráter e pela sua educação, já colocada em segundo plano.
A sociedade contemporânea foi dominada pela informatização do planeta. Acabaram-se as fronteiras. Os bens de consumo existentes no mundo estão acessíveis para todos com condições de comprá-los. Na maioria das vezes, o homem não sente mais a necessidade de uma companhia física, a virtual já lhe satisfaz. A facilidade de comunicação deixa as pessoas informadas, mas ao mesmo tempo, distantes. Essa individualidade esta criando uma sociedade fria e insaciavelmente consumista, deixando morrer o prazer da vida ao lado de alguém para abraçar, sentir o calor, conversar, olhar nos olhos e falar do seu amor ao próximo.
O bom das diferenças entre os indivíduos é a necessidade de muitos ainda viverem em grupo e com uma vida comum — é a exceção à regra. Não se entregam a um mundo só de riquezas. Essas pessoas sofrem com a falta de alguém ao seu lado e não desistem nunca da felicidade e de um meio formado de pessoas com a necessidade umas das outras para continuar a espécie, buscando seus objetivos de realizar sonhos.
Metaforicamente, ninguém é uma ilha. O mundo precisa de uma sociedade organizada, onde todos vivam satisfatoriamente, possam ter oportunidades, e aproveitá-las com benefícios e encargos distribuídos, direitos respeitados, deveres assumidos com responsabilidades e limites na medida correta.

Renato Luiz de Oliveira Ferreira

Referências Bibliográficas: SARAFIM, Helio Faustino; SGARIONI, Mariana; NARLOCH, Leandro. A Individualidade Humana. 2009. Disponível em http://pt.shvoong.com/social-sciences/sociology/1916525-individualidade-humana/>, acesso em 28/08/2010.
PIRES, Sandra Regina de Abreu. Serviço Social: Função Educativa e Abordagem Individual. 2003 (Doutorado em Serviço Social – PUC-SP).
PIRES, Sandra Regina de Abreu. A individualidade humana: ponderações acerca da concepção de individuo no universo da tradição marxista. 2003. Disponível em http://www.ssrevista.uel.br/c_v6n2_sandra.htm>, acesso em 28/08/2010.
Individualismo. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Individualismo>, acesso em 28/08/2010.
Revolução Francesa. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Francesa>, acesso em 28/08/2010.