quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

O gosto e o belo na arte se discute?

Na Estética o estudo sobre o belo e os seus reflexos na criação artística de forma racional busca estabelecer um conceito filosófico de gosto e belo através do pensamento kantiano e hegeliano.
Immanuel Kant vai além da razão para explicar que gosto se discute sem existir disputa, mas com opiniões equilibradas e bom senso, pois o belo é pessoal, não é apenas algo muito bonito com traços e proporções que satisfaçam os padrões de harmonia e beleza. Já o gosto é a capacidade de julgar esteticamente uma obra e sua agradabilidade que é resultado da contemplação do objeto gerando uma harmonia entre a representação da imagem e o prazer. Assim, na sua obra “Crítica da Faculdade de Julgar”, publicada em 1790, Kant explica que tem de haver uma lapidação das opiniões para um denominador comum ou prevalecimento de uma ideia de gosto para a discussão do belo, porém sempre de forma sensível para perceber o prazer que o objeto desperta para formar um juízo estético espiritual e universal da arte criada pelo gênio, isto é, o artista e o seu talento.
Hegel diz que a estética é a ciência dos sentidos, pois, a obra de arte deve ser interpretada pela emoção (sentido) que proporciona ao observador do que pelas características apresentadas. Assim, na prática, o belo é indefinível, mas se fundamenta no próprio juízo. Hegel valoriza o pensamento de Kant a cerca do tema, onde há uma tendência de fusão através da arte entre espírito e natureza, porém, não aceita a teoria kantiana de que a arte, tacitamente reconduz à separação entre espírito e natureza porque se prende à contradição entre o objeto e o observador. Assim, Hegel rompe com Kant porque não acredita numa ciência do belo, mas defende o belo como a essência estética e obra do espírito humano.
Portanto, o conceito de belo e o seu valor na estética conforme cita Mikel Dufrenne no livro Estética e Filosofia, e, que utiliza as teorias kantiana e hegeliana para demonstrar que o belo não é subjetivo, mas conforme Kant é o prazer e o sensível do observador quem determina o que seja o belo e, conforme Hegel, que o belo é o objeto idealizado pelo sujeito. Assim, Dufrenne define o belo como o objeto experimentado pelo observador. Daí os porquês de gosto e beleza serem passíveis de um debate.


REFERÊNCIAS

DUFRENNE, Mikel. Estética e filosofia. Tradução de Roberto Figurelli. São Paulo: Perspectiva, 1981.

Gosto se discute? Disponível em: http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/38/artigo273804-1.asp. Acesso em: 25 de outubro de 2016.

SANTOS. André Luís Pereira dos. Estética. O belo o gênio e o gosto no pensamento estético. Apostila de Educação a Distância. Cruzeiro do Sul Educacional. Campus Virtual.