domingo, 1 de julho de 2012

Paciência

Na Roma antiga havia uma província chamada Hispânia Tarraconense. Lá nasceu o poeta Aurélio Clemente Prudêncio (348 – 410 a.C). Conhecido apenas como Prudêncio, escreveu o poema épico chamado “Batalha da Alma”, no grego, “Psicomaquia”, uma luta metafórica entre a virtude e o vício, ou na parte sagrada, um confronto entre a fé cristã e o paganismo, com uma vitória da fé.
O poema de Prudêncio deu origem às sete virtudes sagradas: castidade (contrário de luxúria), generosidade, temperança (contrário de gula), diligência (oposto de preguiça), paciência, caridade e humildade. Virtudes a serem desenvolvidas pela humanidade para que consiga a evolução em prol de um mundo mais equilibrado e benéfico.
Segundo estudiosos, a mais difícil virtude a ser entendida e praticada pelo Homem é a paciência. O ditado popular diz: “paciência tem limite!”. Será se há limite para a paciência? Será se em vez de limite não precisa ser lapidada em cada ser?
O homem perdeu a habilidade para resistir e reagir de modo positivo em situações adversas – resiliência. Isso faz com que a sociedade a cada dia fique mais violenta, preconceituosa... Não existe respeito na família, no trabalho, no trânsito, na fila do banco, com o deficiente, a criança, o idoso, os animais, o meio ambiente, com si próprio, com a vida, e o pior, por Deus. As pessoas não têm tempo para uma conversa. Muitas não conseguem nem ler um texto até o final. Andam desesperadas! Ao dirigir, no trabalho, na escola, na condução. É tudo “fast” (rápido): “fast-food” (comida rápida), “fast-sex” (sexo rápido). Os casais não têm tempo para o amor. Até as graças que pedem a Deus desejam de imediato. Querem um “fast-God” (Deus rápido). Gritam por qualquer coisa. Dizem: “Perdi a paciência!”.
A maioria reclama de tudo e de todos: do cônjuge, filho, pai, mãe, vizinho, trabalho, amigo, da religião que frequenta, da que não frequenta, do tempo. Não consegue suportar as dificuldades sem revolta. Uma falta de paciência que causa dor, sofrimento, angústia e até a morte. Um ato covarde, que faz o homem perder a oportunidade de mudar pra melhor, de sentir a vida passar; e não passar pela vida sem olhar para os lados ― como um cometa.
O filósofo grego, Heráclito de Éfeso (535 – 475 a.C), diz que o homem jamais entra no mesmo rio duas vezes porque a água já está renovada, o rio que havia entrado a instantes já passou, aquela água foi para a foz, o rio agora tem uma água nova, vinda da nascente, e assim sucessivamente. Assim é a vida. A pessoa de hoje não é mesma de ontem. Por isso, cada ser tem de aproveitar o novo amanhecer e desenvolver as boas virtudes. A fluidez dos dias precisa ser usada para o bem comum. Toda pessoa cresce a cada obstáculo vencido.
Grandes provas de paciência: a tolerância, a fé em Deus, o amor, o perdão... Com elas cada ser começa a sentir menos incômodo, raiva, elimina o risco de infarto, depressão, câncer, AVC, não pratica a violência contra o próximo e contra a si mesmo. Começa a respirar melhor, o coração bate mais compassado, o sangue circula com mais velocidade, o sorriso aparece no rosto, aquela cara de “pit bull” começa a se transformar na face humana que Jesus sempre teve: de bondade, serenidade, felicidade... Isso contagia a todos e melhora a autoestima.
Portanto, para conseguir paciência o Homem deve ter qualidade de vida, autocontrole emocional, e principalmente evitar o apego exagerado aos bens materiais. Eles são emprestados, não vão servir para o crescimento incorpóreo. O apego ao que não lhe pertence ― ao provisório ―, faz com que esqueça que o seu corpo tem um prazo de validade, e que o espírito é eterno. O primeiro passo é a consciência de que a vida é uma grande escola. Você não vai querer ser reprovado, vai? Então, aproveite a oportunidade que a vida está lhe dando e aprenda para vencer a batalha interior entre a sua fé espiritual e os seus desejos materiais. Isso o levará a um estado de espírito chamado paz. 

Renato Luiz de Oliveira Ferreira

Fonte: Paciência. Origem: Dicionário Aulete. Disponível em http://aulete.uol.com.br>, acesso em 02/06/2012.
Paciência. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Paciencia>, acesso em 02/06/2012.