O conceito estético
do belo tem início na filosofia com os pré-socráticos, filósofos
da Grécia Antiga, através da percepção dos elementos simétricos
da natureza onde o Homem utiliza os sentidos de forma harmônica para
criar uma imagem mnemônica para utilizá-la como padrão ― após
estudos matemáticos ―, acima de outras ideias sem tais
características virtuosas. A partir daí, começam a desenvolver
esculturas humanas como exemplo prático de tal beleza, utilizando a
estética ― ramo da filosofia para o estudo do belo, da arte e das
suas técnicas ―, chegando ao ponto de transcender a beleza e
descobrir o seu oposto, ou seja, o feio. Uma forma de conseguir um
equilíbrio entre as partes, a simetria. Porém, será se a ideia do
belo criada numa mente será a mesma para as demais? Lembre-se, cada
cabeça é um mundo.
Seguindo parte do
contexto filosófico na contemporaneidade, especialistas de moda
criam estereótipos (imagens de corpos), existentes apenas para
modelos dos 15 aos 25 anos ― à custa de muito sacrifício ―,
apenas para o mundo da moda e não para a realidade da maioria. A
ideia de beleza é comercial e efêmera. Isso faz parte da sociedade
só achar uma pessoa bonita e atraente, se tiver as formas impostas
pelas revistas do gênero. A consequência disso é a ideia fixa e
desesperadora da busca pela juventude, através de cosméticos,
academias, cirurgias plásticas, dietas, “fórmulas milagrosas”.
Muitas morrem com anorexia, em mesas de cirurgia... em busca do que
já têm. Outras usam roupas e objetos não desenhados para o seu
corpo por estarem na última moda. É óbvio, a busca de tratamentos
por uma questão de saúde é outro caso, diferente deste tema.
A maioria sabe, uma
pessoa não precisa ser relaxada. É ótimo olhar para o espelho e se
sentir bonita, atraente, receber elogios de outrem; isso não há
problema algum, só não precisa exageros, querer se igualar às
estrelas da moda, do esporte, do cinema, da TV... Seja você mesma
(feliz!), sem estar inclusa num padrão, mesmo sendo: alta, baixa,
gorda, magra, pobre, rica, com qualquer tom de pele da raça
humana... Se houvesse apenas um modelo no mundo não haveria a
necessidade de conhecermos o outro, não existiria paixão, tesão,
amor... Alguém iria a uma loja e pegaria a primeira peça da
vitrine. Simplesmente pensaria: "são todas iguais mesmo!".
A sua beleza unida à do próximo, faz este mundo furta-cor com as
suas diversidades de caras, bocas, olhares, sorrisos...
Dizem, “a primeira
impressão fica na memória”, mas o poder de atração está na
semelhança de almas, na harmonia entre olhares e num sentimento de
afetividade, variando de ser para ser, e não na questão estética.
Há pessoas que não conseguimos conviver por cinco minutos, enquanto
outras, desejaríamos ficar ao lado por uma eternidade. É uma
alegria quando sentimos o cheiro, a voz, uma palavra, uma ligação,
uma mensagem... Por isso, ocorre a paixão entre criaturas com
deficiências visuais, físicas, diferenças de idades,
ascendências... levando-as a viverem aventuras transcendentes.
Portanto, padrão de
beleza não existe porque ninguém o tem; não há um ser idêntico
ao outro. A verdadeira beleza vem de dentro para fora e transforma o
ser, enquanto a aparência imposta vem de fora para dentro para
escravizá-lo na paradoxalidade de um modelo ilusório vendido a um
preço muito alto a quem não se aceita como é. A grande sacada da
vida é você gostar da pessoa do jeito que ela é, mas primeiramente
gostando de si mesma porque a personagem mais linda do mundo está em
frente ao seu espelho.
Renato Luiz de Oliveira Ferreira