segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O efêmero e paradoxal padrão de beleza contemporâneo

O conceito estético do belo tem início na filosofia com os pré-socráticos, filósofos da Grécia Antiga, através da percepção dos elementos simétricos da natureza onde o Homem utiliza os sentidos de forma harmônica para criar uma imagem mnemônica para utilizá-la como padrão ― após estudos matemáticos ―, acima de outras ideias sem tais características virtuosas. A partir daí, começam a desenvolver esculturas humanas como exemplo prático de tal beleza, utilizando a estética ― ramo da filosofia para o estudo do belo, da arte e das suas técnicas ―, chegando ao ponto de transcender a beleza e descobrir o seu oposto, ou seja, o feio. Uma forma de conseguir um equilíbrio entre as partes, a simetria. Porém, será se a ideia do belo criada numa mente será a mesma para as demais? Lembre-se, cada cabeça é um mundo.
Seguindo parte do contexto filosófico na contemporaneidade, especialistas de moda criam estereótipos (imagens de corpos), existentes apenas para modelos dos 15 aos 25 anos ― à custa de muito sacrifício ―, apenas para o mundo da moda e não para a realidade da maioria. A ideia de beleza é comercial e efêmera. Isso faz parte da sociedade só achar uma pessoa bonita e atraente, se tiver as formas impostas pelas revistas do gênero. A consequência disso é a ideia fixa e desesperadora da busca pela juventude, através de cosméticos, academias, cirurgias plásticas, dietas, “fórmulas milagrosas”. Muitas morrem com anorexia, em mesas de cirurgia... em busca do que já têm. Outras usam roupas e objetos não desenhados para o seu corpo por estarem na última moda. É óbvio, a busca de tratamentos por uma questão de saúde é outro caso, diferente deste tema.
A maioria sabe, uma pessoa não precisa ser relaxada. É ótimo olhar para o espelho e se sentir bonita, atraente, receber elogios de outrem; isso não há problema algum, só não precisa exageros, querer se igualar às estrelas da moda, do esporte, do cinema, da TV... Seja você mesma (feliz!), sem estar inclusa num padrão, mesmo sendo: alta, baixa, gorda, magra, pobre, rica, com qualquer tom de pele da raça humana... Se houvesse apenas um modelo no mundo não haveria a necessidade de conhecermos o outro, não existiria paixão, tesão, amor... Alguém iria a uma loja e pegaria a primeira peça da vitrine. Simplesmente pensaria: "são todas iguais mesmo!". A sua beleza unida à do próximo, faz este mundo furta-cor com as suas diversidades de caras, bocas, olhares, sorrisos...
Dizem, “a primeira impressão fica na memória”, mas o poder de atração está na semelhança de almas, na harmonia entre olhares e num sentimento de afetividade, variando de ser para ser, e não na questão estética. Há pessoas que não conseguimos conviver por cinco minutos, enquanto outras, desejaríamos ficar ao lado por uma eternidade. É uma alegria quando sentimos o cheiro, a voz, uma palavra, uma ligação, uma mensagem... Por isso, ocorre a paixão entre criaturas com deficiências visuais, físicas, diferenças de idades, ascendências... levando-as a viverem aventuras transcendentes.
Portanto, padrão de beleza não existe porque ninguém o tem; não há um ser idêntico ao outro. A verdadeira beleza vem de dentro para fora e transforma o ser, enquanto a aparência imposta vem de fora para dentro para escravizá-lo na paradoxalidade de um modelo ilusório vendido a um preço muito alto a quem não se aceita como é. A grande sacada da vida é você gostar da pessoa do jeito que ela é, mas primeiramente gostando de si mesma porque a personagem mais linda do mundo está em frente ao seu espelho.

Renato Luiz de Oliveira Ferreira