O teocentrismo ―
Deus como centro do universo ―, não foi capaz de inibir o Homem do
desejo de ser antropocêntrico. A sociedade desde os primórdios,
vive à mercê de líderes com total desejo de imortalização no
poder. A certeza da existência de um ser superior e a vida pós-morte
faz o indivídio mais simples limitar as suas ações dentro da ética
espiritual. Um exemplo são os dez mandamentos; mas desejo, respeito
e fé são coisas distintas, cria conflitos que inibe o pensar, mas
aumenta o desejo de superação.
Na vida moderna as
mudanças estão ocorrendo numa velocidade dramática, uma corrida
desesperada atrás de novas descobertas. Isso força cada pessoa a
desdobrar esforços para uma readaptação constante. O que é novo
agora, poderá não ser daqui a algumas horas. Ao mesmo tempo em que
é forçada a carregar muita responsabilidade, é obrigada a manter
firme o seu modo de resiliência ― a capacidade de suportar
psicologicamente as adversidades, violências e perdas na vida.
O Homem moderno tem de
saber dosar os seus limites. Não adianta achar que pode carregar o
mundo nas costas. Quando um engenheiro projeta um prédio, sempre
trabalha com os limites máximos e mínimos e os coeficientes de
segurança para que a obra fique de pé. A busca pela felicidade
começa pelo respeito a si mesmo. Ninguém deve permitir que a busca
desesperada pelo consumo o transforme em escravo do capitalismo. A
criação de grupos de discussão e a vida em sociedade é importante
para impor limites e fazer cada um enxergar a vida em outros ângulos
― uma policotomia.
Viver bem tem de ser
aqui e agora, não adianta ficar esperando a aposentadoria para poder
descansar, viajar e curtir a vida. Não adianta esperar a morte para
poder ter uma vida eterna. Realismo sempre; viver o momento é
importante para ser feliz. Amar, sentir prazer, rir, chorar, correr
por prazer ― tudo na medida certa e com responsabilidade ― para
caso exista o amanhã, ele possa ser tão bom quanto o presente, e
que as adversidades sejam encaradas apenas como aprendizado, não
como obstáculos inatingíveis.
Renato Luiz de Oliveira Ferreira