quinta-feira, 30 de abril de 2020

A difícil arte de substituir


Há um equívoco quando dizem que ninguém é insubstituível, porque simplesmente trocar uma pessoa por outra é muito fácil; porém, o grande desafio para a humanidade é descobrir um substituto à altura. Isso sem esquecer de que há casos impossíveis devido às questões sentimentais.

Renato Luiz de Oliveira Ferreira

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Quem sou eu?


Para a indagação proposta não há uma resposta simples, pois se trata de uma regressão à essência humana, mas para dar início a essa viagem é preciso uma contextualização sobre os problemas metafísicos.
A ontologia, ramo da metafísica, é o estudo da natureza dos seres, isto é, o ser enquanto ser, e, não é simplesmente o termo criado por Andrônico de Rodes “além da física”, mas pode ser “além do físico”, pois nos traz o questionamento do consciente em busca de algo temporariamente inconsciente com o intuito de ultrapassar os limites da lucidez, do racional, para que possa emergir respostas sobre nós mesmos.
Na fábula “Conselho de uma lagarta”, do livro Alice no país das maravilhas, autoria de Lewis Carroll, fica clara a ideia de fluidez que a vida apresenta. A personagem, Alice, demonstra que mudamos com o tempo. Remete-nos ao pensamento do filósofo Heráclito: “não entramos duas vezes no mesmo rio, pois nós e as águas não seremos os mesmos”. Dessa forma, para responder à indagação: “quem sou eu?”, inicio com uma senoide que representa a vida em função do tempo. 


Através do tempo faço uma viagem ao meu passado e percebo a diferença entre o meu presente. O passado é um ponto final, porém, o futuro é como o sinal de reticências, isto é, algo aberto a novas possibilidades.
 Sou um ser em constante movimento e transformações, com o presente no centro e o futuro e o passado ao redor, ou seja, a energia para as mudanças que preciso. Mesmo assim, ainda não consigo responder à pergunta: “quem sou eu?”, porque estou entre a cosmogonia e a cosmologia. Posso dizer, sou a imagem e semelhança de Deus, mas isso faz parte da minha fé, e, posso considerar até certo ponto como algo cosmogônico. Chego a um provável limite, ou seja, temporariamente sem resposta...
Pensando o cosmológico e o estudo científico posso querer saber mais sobre Deus e o Universo, mas também terei uma limitação. Assim, em ambas as situações, cosmogônica e cosmológica, esbarrarei nas questões metafísicas, ainda não conseguirei dar a resposta exata de quem realmente eu sou.
Eu “sou uma incógnita?”, “um nada temporário?”. Pensando assim, ainda não saberei... Ficarei parado na porta do mundo metafísico esperando uma solução, e, enquanto não enxergo a luz do conhecimento, só consigo perceber que no universal sou um particular e, materialmente transitório, mas com a alma perene. Assim, seguirei com a mesma incógnita filosófica de Heidegger em relação ao ser.
Portanto, eu sou um “Ser metafísico-atemporal” em constante movimento, que, foi induzido por uma energia potencial chamada passado, e movido por uma energia cinética chamada presente, indo a um futuro incerto. E quem é você?


Renato Luiz de Oliveira Ferreira



REFERÊNCIAS

Carroll, Lewis. Alice no país das maravilhas. Trad. Rosaura Eichenberg. Rev. Cláudia Laitano e Renato Deitos. – Porto Alegre: L&PM, 2006.

A vida em função do tempo. Disponível em:<http://renatoluizdeoliveiraferreira.blogspot.com/2015/06/a-vida-em-funcao-do-tempo_2.html>. Acesso em 1/10/2019.