segunda-feira, 23 de abril de 2018

Rui, bons tempos e belos dias ao lado de grandes amigos...


Esta reflexão é para lembrar de um grande momento em que Roosevelt foi muito importante para a nossa turma do SENAI e o quanto era presente em nossas vidas.
Em 3 de agosto de 1981 conheci os irmãos Roosevelt e Reginaldo Andrade Silva Estrela, além dos demais colegas da 13º turma do Centro de Formação Profissional de Alagoinhas RFFSA/SENAI. Ali começava a escrita de uma bela história de 30 novos alunos.
Durante o curso de formação vivemos momentos inesquecíveis, pois aprendemos muito, crescemos como pessoas e fomos muito felizes. Foi divertido e prazeroso o convívio entre colegas, professores e demais funcionários.
Roosevelt (Rui), e Reginaldo (Regi) apesar de irmãos eram bem diferentes. Enquanto Rui era sorridente e extrovertido, Regi era mais introvertido, concentrado na aula, mais estudioso. Regi não gostava de jogar futebol, Rui era um craque. Aliás tínhamos vários craques de futebol na turma, Robervan, Rui, Adilson Góes, Valdemiro (Neinho), entre outros. Fazendo justiça, Neinho era o melhor jogador da turma. Adilson era quem chutava mais forte.
Desde criança gostei muito de futebol, mas confesso que não tinha muita técnica, por isso admirava grandes craques de colegas aos famosos. Eu era sonhador, tinha vontade de ser campeão em algum time, campeonato... Coisa difícil para quem era ruim de bola.
Esse sonho foi realizado na final dos Jogos Internos do SENAI (JIS) de 1982. A minha equipe, o segundo termo, disputou o título de futebol de campo contra o terceiro termo. O jogo foi no campo do Batalhão da Polícia Militar de Alagoinhas. Não lembro do nome de todos os jogadores, mas de alguns lances do jogo. O árbitro era capitão Dalto. O nosso técnico, Ivo.
O jogo foi duríssimo. Primeiro tempo zero a zero. O segundo tempo foi bem disputado. Aos 40 minutos da etapa final, o zagueiro, Renato, derruba o jogador do time adversário dentro da área, o árbitro aponta a marca do pênalti. Fiquei arrasado. Percebi que a perda do título seria por “minha culpa”.
A bola na marca do pênalti. Eu desesperado! Segue o lance... apita o árbitro, Denilson chuta... e a bola vai sobre o travessão, pra fora! O segundo termo comemora. Fiquei mais calmo. O jogo continua...
Aproximadamente 44 minutos do segundo tempo, Renato toca a bola pra Marcão na lateral esquerda, que toca pra Adilson Góes; Adilson toca pra Robervan, que dá um belo drible e faz um lançamento pra Neinho, que dribla um, dois, três e toca na direita pra Jorge Jovita. Jovita vai à linha de fundo com grande velocidade e cruza para a área, e é gol de Rui para o segundo termo. Golaço! Todos se abraçam. Alegria geral! Tarde inesquecível!
O árbitro dá alguns minutos de desconto e finaliza a partida. Segundo termo campeão do JIS com o gol de Rui. Isso há 36 anos. O título me fez realizar o sonho de ser campeão. Isso me ajudou a vencer os demais obstáculos da vida. Relembrei deste fato recentemente pra Roosevelt, pois conversávamos muito pelo WhatsApp. No último domingo voltei a relembrar no nosso recém-criado grupo de “zapp” da Turma 13 SENAI. Apesar das redes sociais causarem alguns transtornos, há algo legal, a reaproximação de pessoas.
Acho que há um equívoco quando dizem que ninguém é insubstituível porque simplesmente trocar uma pessoa por outra é muito fácil; porém, o grande desafio para a humanidade é descobrir um substituto à altura. Por isso Rui fará muita falta.
 Com o tempo formamos uma família e, conforme a maioria, quando um componente parte há tristeza; o nome disso é saudade. Assim, o Deus que trouxe Rui até aqui é o mesmo que o levou a trilhar novos horizontes ao seu lado.
Portanto, deixo o meu abraço fraterno a Regi, demais familiares e amigos por essa perda irreparável.  Só tenho a agradecer a Rui e aos demais colegas de turma por fazerem parte de minha vida. Por isso, enquanto Deus permitir, aproveitem cada oportunidade, continuem sonhando, mantendo o equilíbrio entre a fé espiritual e os desejos materiais para que atinjam um estado de espírito chamado paz.  Lembrei-me de um ótimo exemplo de vida, a citação de Luciano de Crescenzo: “Somos todos anjos de uma asa só. Só podemos voar abraçados uns aos outros”.  
Rui, você agora é mais uma estrela que vai iluminar este mundo para que tenhamos paz, fraternidade, humanidade, compaixão, esperança e amor. Descanse em paz... que o Senhor o acompanhe. Até sempre. Saudade ∞




P.S. Usei o símbolo matemático ao infinito (∞) em alusão a Guimarães Rosa na obra Grande Sertão: Veredas. Travessia. Infinito (∞). A história (a vida) continua...



                                                                                    São Paulo, 5 de abril de 2018