Os lírios brancos, bálsamos
ardentes
Calor no peito que aquece o
coração
Os saltimbancos, fábulas,
serpentes
O olhar suspeito, lento,
varre a estação
Seu cheiro, margaridas,
grito do cantor
O brilho do Sol na sua pela
morena:
Mata as feridas e a fome de
um captor
Você, meu girassol-do-campo,
obscena
Quero os seus lábios,
sussurro, tremor
O meu brunido terno, o
cravo, o batom:
Asas dos sábios, magia, luz
néon, clamor
Sua voz, gemido rouco, soa
em semitom
É dia de feira, do ás, do
ponto de encontro
Pinguços, vendedores,
amigos, amantes
O orixá, a freira, o choro,
o desencontro,
Jogadores, ventríloquos e
alto-falantes,
O chá, jabá, água, farinha,
feijão e a fé
A rã, a laranja, tem até o
som da sanfona
Não quero mágoa, só amor,
cama e café
Linda a sua franja... Tchau,
até pra semana
Renato Luiz de Oliveira Ferreira
(Alagoinhas, primavera de 1982)