― Olá, tudo
bem?
― Sim...
Quer o quê?
― Uma
esmola...
― Esmola?!
― Estou
com fome. Preciso só de um...
― Por
que não arruma um emprego?
― Conhece
alguém que faria isso por mim?
― Não. Nesta condição é difícil.
― É o que ouço por aí.
― Não
devemos dar o peixe, mas...
― Com
fome é difícil aprender, e o lago está seco...
― Isso
não é problema meu.
― Eu
sei. O problema é nosso...
― Nosso?!
Por quê?
― Porque
preciso saciar a fome, e você...
― Entendi...
Por isso que você está assim.
― Sim.
Somos vítimas do capitalismo.
― Por
que somos vítimas?
― Vítimas
em polos opostos...
― Isso é
papo de vagabundo.
― Não
vivo de especulação financeira.
― Mas eles
não estão na miséria.
― Sim,
mas provocam a pobreza.
― Não
havia pensado nisso...
― Então...
Estamos no mesmo barco...
― Não. Tenho emprego, casa e comida.
― Por
enquanto...
― Hum... É esperto. Como chegou nesta situação?
― Hoje estou
assim, mas ontem era igual a você.
― Jogou
as oportunidades fora?
― Não. Apenas
o vento mudou de direção.
― Senti
até um frio na barriga agora.
―
Enquanto for só frio tudo bem. O pior é sentir um vazio...
― Entendi...
Vou ajudá-lo! Sabe por quê?
― Porque
tem piedade...
― Não...
É que até conhecê-lo eu era mais pobre que você...
― Isso
não! Tem quase tudo e ainda irá matar minha fome.
― Porém, antes você alimentou o meu paupérrimo espírito.
― Eu
apenas abri o coração...
― Posso
lhe dar um abraço?
― Mas, neste estado?
― Sim... Somos iguais e estamos na mesma.
― [...]
― Então, podemos começar a mudar o mundo.
― Ótima
ideia! Antes vamos saciar a fome para seguirmos em frente...
Renato
Luiz de Oliveira Ferreira