A História do mundo demonstra que desde as antigas sociedades ocorreram formas de discriminação e dominação.
Esses fatos foram marcantes e chegam à contemporaneidade ainda criando uma
entropia social. Com os ganhos da Revolução Americana em 1776 e da Revolução
Francesa em 1789 ganharam força os movimentos socialistas com o objetivo de
criar uma sociedade menos desigual, porém, as correntes contrárias mantiveram
oposição.
O homem, na maioria dos casos, é produto do seu meio cultural em que fora
socializado, acumulando ao longo do tempo energia potencial dos seus
antepassados, isto é, conhecimento e experiências. Assim, a identidade
brasileira surge da fusão da mestiçagem dos seus plurais grupos étnicos e suas
idiossincrasias. Daí o porquê da pessoa não nascer com uma identidade, mas essa
identidade ir sendo adquirida e evoluída dentro de si e do seu coletivo. Assim,
o povo brasileiro, mesmo com a sua identidade formada, é impedido de sê-lo,
conforme cita Darcy Ribeiro em “O povo brasileiro”.
Apesar do teórico fim da escravidão, em 13 de maio de 1888, há a
continuidade do preconceito covarde contra os negros no Brasil. Não obstante os
esforços por parte da sociedade, esse mal ainda está enraizado. Infelizmente, em
pleno século XXI, no Brasil, ainda surgem notícias de trabalho escravo. É
nítida a diferença social dos negros e dos seus descendentes, e, quando há
projetos de melhoria e diminuição da desigualdade, grupos ainda tentam
barrá-los.
Há diariamente nos meios de comunicação reportagens a respeito de
atitudes racistas. Nas redes sociais, principalmente no Facebook, surgem atitudes de intolerância e ódio racial sem limites. Conforme a Constituição
Federal,
Art. 5º: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade...”.
Pessoas ainda veem a cor da pele e a
condição social como características de delinquentes. É um crime estereotipar
de forma preconceituosa uma pessoa devido à melanina acentuada de sua
pele. Esse
discurso de ódio é uma tentativa de utilização de mecanismos
de controle somados a não aceitação da igualdade, a
insatisfação com o crescimento de quem sempre viveu à margem da sociedade, tal
qual ocorre contra as classes menos favorecidas que recebem míseras ajudas do
Governo Federal para que possam sair da situação de extrema pobreza.
Portanto, o Brasil tem uma penhora com os cidadãos de ascendência
africana. Há a necessidade de reação e punição contra os
racistas, do diálogo, para que seja encontrada a fórmula verdadeiramente
libertária e igualitária do negro para a formação de uma sociedade livre,
consciente, com respeito às diferenças e igualdade de deveres e direitos.
Renato Luiz de Oliveira Ferreira
NOTA
Artigo apresentado no Fórum de Cultura Brasileira do curso de Filosofia
da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul) em setembro de 2017.