sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Um “povo” que ainda não aceita a igualdade

A História do mundo demonstra que desde as antigas sociedades  ocorreram formas de discriminação e dominação. Esses fatos foram marcantes e chegam à contemporaneidade ainda criando uma entropia social. Com os ganhos da Revolução Americana em 1776 e da Revolução Francesa em 1789 ganharam força os movimentos socialistas com o objetivo de criar uma sociedade menos desigual, porém, as correntes contrárias mantiveram oposição.
O homem, na maioria dos casos, é produto do seu meio cultural em que fora socializado, acumulando ao longo do tempo energia potencial dos seus antepassados, isto é, conhecimento e experiências. Assim, a identidade brasileira surge da fusão da mestiçagem dos seus plurais grupos étnicos e suas idiossincrasias. Daí o porquê da pessoa não nascer com uma identidade, mas essa identidade ir sendo adquirida e evoluída dentro de si e do seu coletivo. Assim, o povo brasileiro, mesmo com a sua identidade formada, é impedido de sê-lo, conforme cita Darcy Ribeiro em “O povo brasileiro”.
Apesar do teórico fim da escravidão, em 13 de maio de 1888, há a continuidade do preconceito covarde contra os negros no Brasil. Não obstante os esforços por parte da sociedade, esse mal ainda está enraizado. Infelizmente, em pleno século XXI, no Brasil, ainda surgem notícias de trabalho escravo. É nítida a diferença social dos negros e dos seus descendentes, e, quando há projetos de melhoria e diminuição da desigualdade, grupos ainda tentam barrá-los.
Há diariamente nos meios de comunicação reportagens a respeito de atitudes racistas. Nas redes sociais, principalmente no Facebook, surgem atitudes de intolerância e ódio racial sem limites. Conforme Constituição Federal, Art. 5º: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...”.
Pessoas ainda veem a cor da pele e a condição social como características de delinquentes. É um crime estereotipar de forma preconceituosa uma pessoa devido à melanina acentuada de sua pele. Esse discurso de ódio é uma tentativa de utilização de mecanismos de controle somados a não aceitação da igualdade, a insatisfação com o crescimento de quem sempre viveu à margem da sociedade, tal qual ocorre contra as classes menos favorecidas que recebem míseras ajudas do Governo Federal para que possam sair da situação de extrema pobreza.
Portanto, o Brasil tem uma penhora com os cidadãos de ascendência africana. Há a necessidade de reação e punição contra os racistas, do diálogo, para que seja encontrada a fórmula verdadeiramente libertária e igualitária do negro para a formação de uma sociedade livre, consciente, com respeito às diferenças e igualdade de deveres e direitos.


Renato Luiz de Oliveira Ferreira


NOTA
Artigo apresentado no Fórum de Cultura Brasileira do curso de Filosofia da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul) em setembro de 2017.