Você, amigo livro, é como cada pessoa que passa em
minha vida, mas com uma diferença, sempre me recebe de braços
abertos. A cada página sua folheada recebo mais um abraço, nem sinto a
vida passar. O seu cheiro quando novo é especial – igual ao de uma
criança. Já a sua capa, é um rosto atraente, cheio de mistério, e
que não perde a pureza com o tempo. Aos poucos, vamos nos conhecendo
e viajamos... Eu, mais profundamente na sua história. Engraçado
amigo, quando nos identificamos de imediato é um grude – até
quando vamos ao banheiro. De mãos dadas: rimos, choramos, às vezes
até brigamos porque não consigo entendê-lo. Desculpe-me por
algumas vezes dar um tempo na nossa relação de amizade e deixá-lo
de lado. Ainda bem que o tempo passa... e quando menos
espero já estamos íntimos. Mas como tudo tem seu início, meio
e... na última página o momento de despedida, recebo o seu último
abraço, ou melhor, nos abraçamos com uma tristeza imensa... Algumas
vezes choro de emoção e penso naquela pessoa especial que também
poderia conhecê-lo e recebê-lo de braços abertos, da mesma forma
como você faz com todos. Pareço vulgar, mas nem deixo a saudade ir
embora e já estou abraçado a outros, vivendo novas emoções.
Alguns têm conteúdo volátil, porém, têm aqueles que levo para a
eternidade, pois transformam a minha vida. Assim, são os meus
melhores amigos: livros com capa de carne e osso (material), mas com
um conteúdo, uma alma (espiritual) que me faz aprender, crescer,
amar e perceber que viver vale à pena, ler livros e ter amigos
então...
Renato
Luiz de Oliveira Ferreira