sexta-feira, 23 de agosto de 2019

A luta contra a barreira no ensino de Filosofia no Ensino Médio


É paradoxal o discurso de inibição do ensino de Filosofia no Ensino Médio. Sócrates morreu inocentemente após acusado de manipular a juventude de sua época. A Filosofia ainda continua incomodando. Numa analogia à música infantil: “Um estudante de Filosofia incomoda muita gente, dois estudantes incomodam muito mais; três estudantes incomodam muita gente, quatro incomodam, incomodam...”.
No século XVIII através do Iluminismo ocorreu um movimento intelectual contra o poder da Igreja, do obscurantismo e estupidez para um novo mundo esclarecido pela luz da razão. Agora o mundo está na era do conhecimento, há acesso através de celulares e computadores à rede internet, livros, artigos etc. É ideológico o discurso contra o ensino de Filosofia e a busca constante pelo conhecimento. A essência do discurso é a mesma dos que a retiraram da grade. Temia-se a reflexão crítica, questionamentos, achavam a disciplina perigosa (ameaçadora), além da opção pelo modelo capitalista e a industrialização que envolvia muitas áreas, inclusive a da educação. A Filosofia não era rentável e importante para o modelo proposto. A educação tecnicista era o importante.
Para romper esta barreira ideológica é preciso a união de pessoas conscientes envolvidas com a causa, contra o poder de manipulação política, midiática, religiosa, militar, econômica, dogmática, que reapareceu neste país e criou um efeito mimético de que a esquerda é a única responsável por todos os problemas do cotidiano. Há interesse de grupos fundamentalistas em continuar existindo no Brasil uma população desinformada, de fácil manipulação, sem consciência do seu verdadeiro papel para que continue a exploração, a corrupção e a defesa dos seus interesses.
Para criar o apetite no aluno é preciso metodologias voltadas para esclarecer o verdadeiro motivo do ensino de Filosofia e seus ganhos, gerando um efeito mimético favorável à proposta da continuidade do ensino da disciplina. Isso já tem de começar na formação dos docentes, pois são pensadores importantes neste processo, e não devem fazer parte da servidão voluntária que o Estado e grupos tentam impor. São conceitos a serem repassados ao aluno para torná-lo livre no pensar e na promoção do diálogo.
Uma metodologia importante a ser utilizada é a educação libertadora de Paulo Freire de forma que o professor seja um mediador, saiba trabalhar a cognição identificando o nível de alfabetização e letramento do aluno para que também trabalhe a hermenêutica, etimologia, senso crítico, moral, ética, conhecimentos científico, teológico, filosófico etc., com interação com as demais disciplinas, sendo assim, o sujeito de seu discurso, indo contra a degradação da experiência na modernidade e a nova barbárie formadora de indivíduos isolados e solitários, longe da alteridade, conforme afirma o filósofo Walter Benjamim. Portanto, a juventude precisa liberar a sua energia pulsional em busca do conhecimento, o grande lema da Filosofia.




NOTA


Tema apresentado no Fórum de Metodologia de Ensino do curso de Filosofia da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul) em maio de 2018.