É paradoxal o
discurso de inibição do ensino de Filosofia no Ensino Médio. Sócrates
morreu inocentemente após acusado de manipular a juventude de sua época. A Filosofia ainda continua incomodando. Numa analogia à música
infantil: “Um estudante de Filosofia incomoda muita gente, dois estudantes incomodam
muito mais; três estudantes incomodam muita gente, quatro incomodam,
incomodam...”.
No século XVIII
através do Iluminismo ocorreu um movimento intelectual contra o poder da
Igreja, do obscurantismo e estupidez para um novo mundo esclarecido pela luz da
razão. Agora o mundo está na era do conhecimento, há acesso através de
celulares e computadores à rede internet,
livros, artigos etc. É ideológico o discurso contra
o ensino de Filosofia e a busca constante pelo conhecimento. A essência do discurso
é a mesma dos que a retiraram da grade. Temia-se a reflexão crítica, questionamentos, achavam a disciplina
perigosa (ameaçadora), além da opção pelo modelo capitalista e a industrialização
que envolvia muitas áreas, inclusive a da educação. A Filosofia não era
rentável e importante para o modelo proposto. A educação tecnicista era o
importante.
Para romper esta barreira
ideológica é preciso a união de pessoas conscientes envolvidas com a causa,
contra o poder de manipulação política, midiática, religiosa, militar, econômica,
dogmática, que reapareceu neste país e criou um efeito mimético de que a
esquerda é a única responsável por todos os problemas do cotidiano. Há
interesse de grupos fundamentalistas em continuar existindo no Brasil uma
população desinformada, de fácil manipulação, sem consciência do seu verdadeiro
papel para que continue a exploração, a corrupção e a defesa dos seus
interesses.
Para criar o apetite no aluno é preciso
metodologias voltadas para esclarecer o verdadeiro motivo do ensino de Filosofia e seus ganhos, gerando um efeito mimético favorável à proposta da
continuidade do ensino da disciplina. Isso já tem de começar na formação dos
docentes, pois são pensadores importantes neste processo, e não devem fazer
parte da servidão voluntária que o Estado e grupos tentam impor. São conceitos
a serem repassados ao aluno para torná-lo livre no pensar e na promoção do
diálogo.
Uma metodologia importante a ser
utilizada é a educação libertadora de Paulo Freire de forma que o professor
seja um mediador, saiba trabalhar a cognição identificando o nível de
alfabetização e letramento do aluno para que também trabalhe a hermenêutica, etimologia, senso
crítico, moral, ética, conhecimentos científico, teológico, filosófico etc., com interação
com as demais disciplinas, sendo assim, o sujeito de seu discurso, indo contra
a degradação da experiência na modernidade e a nova barbárie formadora de
indivíduos isolados e solitários, longe da alteridade, conforme afirma o
filósofo Walter Benjamim. Portanto, a juventude
precisa liberar a sua energia pulsional em busca do conhecimento, o grande lema
da Filosofia.