domingo, 23 de novembro de 2014

Dia de Feira

Os lírios brancos, bálsamos ardentes

Calor no peito que aquece o coração

Os saltimbancos, fábulas, serpentes

O olhar suspeito, lento, varre a estação

Seu cheiro, margaridas, grito do cantor

O brilho do Sol na sua pela morena:

Mata as feridas e a fome de um captor

Você, meu girassol-do-campo, obscena

Quero os seus lábios, sussurro, tremor

O meu brunido terno, o cravo, o batom:

Asas dos sábios, magia, luz néon, clamor

Sua voz, gemido rouco, soa em semitom

É dia de feira, do ás, do ponto de encontro

Pinguços, vendedores, amigos, amantes

O orixá, a freira, o choro, o desencontro,

Jogadores, ventríloquos e alto-falantes,

O chá, jabá, água, farinha, feijão e a fé

A rã, a laranja, tem até o som da sanfona

Não quero mágoa, só amor, cama e café

Linda a sua franja... Tchau, até pra semana

                                                          
                                                    Renato Luiz de Oliveira Ferreira  
                                            (Alagoinhas, primavera de 1982)                                                                                                               

Nenhum comentário: