domingo, 18 de dezembro de 2011

Direito de Escolha

Desde o útero, o Homem já tem a sua individualidade invadida. Os pais, antes do nascimento dos filhos, já planejam o que eles serão quando crescerem. A história antiga mostra o desejo dos reis em colocar no mundo os seus legados para darem continuidade aos seus impérios.
William Shakespeare (1564 - 1616), o mais famoso dramaturgo e poeta inglês, escreveu uma tragédia: Hamlet ― peça dramática que termina com um acontecimento funesto ―, a personagem principal, o príncipe, cita uma frase histórica: “Ser ou não ser, eis a questão”. Analogamente aos dias atuais a ideia de decisão ainda é forte na cabeça do adolescente. O desejo dos jovens e dos pais cria uma dicotomia. Quantos péssimos médicos poderiam ser grandes geógrafos, mas foram induzidos na escolha da profissão errada. É no mínimo antiético os pais induzirem os filhos à realização dos seus sonhos frustrados e não deixá-los descobrir o seu próprio caminho. Orientação e persuasão são coisas opostas.
O melhor do tempo esconde longe e muito longe [...] bonde dos Trilhos Urbanos vão passando os anos e eu não te perdi, meu trabalho é te traduzir. (Caetano Veloso). Fazendo uma analogia com o texto do compositor baiano; o jovem precisa de tradução ― entendimento. Não é justo que tenha de optar tão cedo pelo seu futuro e ainda acertar na escolha. É preciso usar o empirismo e namorar a vida para descobrir as suas opções de maneira responsável para enfrentar a exigente sociedade contemporânea. Atração, desejo, namoro, paixão... isso não deve fazer parte apenas do amor eros, mas do amor universal em outras escolhas: religião, profissão, modelo de vida, enfim.
Portanto, não é difícil escolher, o difícil é a liberdade de escolha. Além de pessoal, o importante é que seja restritamente ética. O livre-arbítrio é uma questão filosófica e científica com implicações morais, religiosas e psicológicas. Cada jovem deve ser predestinado e ter o direito de opção, sem se deixar levar, seguindo em frente de cabeça erguida, com o olhar no futuro e convergindo para um ponto de equilíbrio de seu discernimento.

Renato Luiz de Oliveira Ferreira

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