sábado, 22 de dezembro de 2012

A Tristeza da Letra Agá

Não tenho sentido algum, não correspondo a nenhum som. Vivo de favores etimológicos: no início de certas palavras, no fim de algumas interjeições ou em alguns dígrafos. Sou apenas um símbolo; excluíram-me até do meu nome!

Juntar-me-ei ao “K”, ao “W” e ao “Y”, vou embora, para sempre! Pensando bem, não vai ser possível... elas voltaram para o alfabeto após a reforma da língua portuguesa. Que dificuldade.

E se eu fizer um protesto? Acho que não adianta, a fonética nem irá notar, eu não existo para ela.

Eu quero existir para as crianças, e que digam ao aprender: “A de avião!”, “B de bombom!” e “agá” de algo que não seja: homem, Helena... Elas podem existir sem mim.

Estou triste... Por favor, ajudem-me!  Deem sentido à minha existência para que eu não sirva só de enfeite ou companhia para as palavras. Existir não é apenas ocupar um lugar no espaço, mas ter uma função.

Ah! Lembrei-me de um detalhe... Existe uma coisa que me deixa orgulhosa... é que a Bahia jamais seria a mesma sem agá.

Renato Luiz de Oliveira Ferreira

 

 

 

 

 

Obs.: Obra registrada na Fundação da Biblioteca Nacional. A mesma pode ser divulgada desde que seja mantida a autoria.

Um comentário:

Anônimo disse...

bem criativo '-'