Não tenho sentido
algum, não correspondo a nenhum som. Vivo de favores etimológicos: no início de
certas palavras, no fim de algumas interjeições ou em alguns dígrafos. Sou
apenas um símbolo; excluíram-me até do meu nome!
Juntar-me-ei ao “K”, ao “W” e ao “Y”, vou embora, para sempre! Pensando bem, não vai ser possível... elas voltaram para o alfabeto após a reforma da língua portuguesa. Que dificuldade.
E se eu fizer um protesto? Acho que não adianta, a fonética nem irá notar, eu não existo para ela.
Eu quero existir para as crianças, e que digam ao aprender: “A de avião!”, “B de bombom!” e “agá” de algo que não seja: homem, Helena... Elas podem existir sem mim.
Estou triste... Por favor, ajudem-me! Deem sentido à minha existência para que eu não sirva só de enfeite ou companhia para as palavras. Existir não é apenas ocupar um lugar no espaço, mas ter uma função.
Ah! Lembrei-me de um detalhe... Existe uma coisa que me deixa orgulhosa... é que a Bahia jamais seria a mesma sem agá.
Renato Luiz de Oliveira Ferreira
Obs.:
Obra registrada na Fundação da Biblioteca Nacional. A mesma pode ser divulgada
desde que seja mantida a autoria.
Um comentário:
bem criativo '-'
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